sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Decepção


Do que são feitas as decepções?
De expectativas.
Expectativas muito altas dada uma hipótese, um talvez.
São os “sonhos” que a gente forma e vai alimentando quando imaginamos o que vai acontecer a seguir, quando imaginamos conversas que ainda não foram tidas, quando trocamos de roupa milhares de vezes antes de sair: está chegando a hora! E “tcharan”! Em um piscar de olhos: decepção.
Você não imaginava que isso iria acontecer. E isso dói. Dói porque você alimentou a sua “hipótese”. Desilusão. E aí você se decepciona completamente, com algo, com alguém, um parente, um amor, um amigo... E até com si próprio.
Decepção é natural, mas é evitável. Basta ser realista. Não se trata de ser pessimista, nem de deixar de sonhar, mas sim, de serem encarados os fatos. Nem sempre as coisas são como a gente espera que sejam. Ainda bem, porque, são com os erros que se aprende.
Foi sendo decepcionada que aprendi.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Casa


Eu quero ir para casa.
Eu quero sair daqui.
Eu quero ir para casa agora.
Eu preciso respirar.

Eu estou em casa.
Eu não me sinto em casa:
preciso do meu lar,

do meu espaço.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Você aqui, agora



Como eu queria você aqui, agora.
Queria você nesse momento de solidão.
Nesse momento de dor,
De sofrimento.

Como eu queria...
Queria você aqui agora.

Para me consolar,
Me acalmar,
Para me abraçar,
Me amar.

Como eu queria você aqui agora,
Para me dizer uma verdade.
Para me dizer que me ama.

Como eu queria você aqui agora,
Para me ouvir,
Para me dar suas palavras acolhedoras,
Para escutar meu silêncio,
Para me responder no seu.

Como eu queria você aqui, agora.
Queria você aqui para acalmar meu choro,
Para regular minha respiração.
Queria você aqui, agora, para me amar.

Vai vivendo em outro lugar. Vai


Vai andando pelo sol. Vai passando pela sombra. Vai olhando as árvores. Vai sentindo os aromas. Vai passando a mão nas folhas. Vai cercada à natureza. Vai admirando as flores. Vai sentindo a brisa em seu rosto. Vai de pés descalços. Vai sentindo a grama molhada. Vai andando sem um rumo. Vai andando sem correr. Vai mudando o caminho. Vai escrevendo em sua mente. Vai criando o seu mundo. Vai rindo. Vai chorando. Vai sentindo. Vai cantando. Vai dançando. Vai. Vai no silêncio. Vai. Vai indo. Vai. Vai vivendo. Vai.

Falha


O maior sonho. O sonho de infância, de quando foi criança. O sonho de ir para a sapatilha de ponta.
Sonhou com esse dia, o dia em que subiria para a ponta. Não seria preciso um tutu, bastaria a sapatilha.
Imaginou, o dia em que subiria à ponta. Imaginou com todo fervor, com todas as cores que conhecia, todas vivas.
Imaginou entrando no estúdio de ballet. Sentando no chão, se alongando. Treinando algumas piruetas, alguns saltos, de meia. E depois, colocaria a sapatilha.
O corpo fala. O corpo se expressa. O corpo se encara. O corpo não tem limites. O corpo quebra. O corpo sente. O corpo luta. O corpo vence. O corpo perde. O corpo reage. O corpo falha. O corpo supera. O corpo dói. O corpo sorri. O corpo chora. O corpo fala. O corpo se expressa. O corpo dança.
Tinha tudo. Não tem mais nada.
O corpo falhou e não superou.

Agora é tarde.
O corpo morre.